terça-feira, 21 de abril de 2009

Canto de Ossanha

E tudo começa com uma garrafa de vodka bem gelada misturada com um suco de laranja. Nem forte, nem fraco. Entre amigos, isso se torna a coisa mais comum hoje em dia, beber, conversar, petiscar algo e passar a noite assim. Mais uns copos e o suco acaba. Agora é maracujá. Não fica muito bom, mas a gente continua a beber. Mais maracujá descendo guela abaixo. Os outros amigos estão dançando sozinhos em um canto, gritando, ou tirando fotos, e fico ali, com aquela que digo ser minha melhor amiga - e é de certo -e ela começa a me interrogar, de forma que conto meus segredos mais secretos até mesmo pra mim. Aquele tipo de coisa que você não confessa nem pra si mesmo que fez. Não é vergonha, é medo, talvez.

Agora tem mais vodka do que maracujá no copo. Não faço idéia do que falo, mas consido muito bem distinguir o que faço. Fico repensando nas confissoes que fiz a minha amiga, e os conselhos que ela me deu. Tomo uma decisão. Na verdade, você precisa saber que antes eu tava com aquilo que tá mais banalizado do que eu te amo: saudade. Saudade dele, o motivo de sorrisos.

Fico olhando pro celular, e o nome dele ali. Vou ligar, vou ligar, vou ligar... MERDA! Largo celular ali mesmo no sofá molenga, e saio correndo na direção dele, que agora é mais importante do motivo de sorrisos: a privada. Minha alma sai pela minha boca e vai pelo esgoto. Sinto que perdi a coragem de ligar e falar tudo que sinto, que eu quero.

Uma lata para na minha mão, misturada com energético. E alguem joga vodka dentro dela. Já estou cantando sozinha, deitada na rede, e pensando se ligo ou não. Ele vai me achar uma maluca, ligando bebada. Foda-se. O que mais gosto da bebida alem do gosto é a forma como ela me deixa assim, menos timida. Nunca fui timida com amigos, mas em relação ao amor sim. Medo dele me deixar, medo dele achar alguem mais bonita, medo de parecer chata. E me reprimo.

E o telefone está novamente na minha mão. Ligo. Ele pode estar dormindo, já são altas da madrugada. E atende. A voz daquele que não sai da minha cabeça entra em meus ouvidos como minhas musicas favoritas e me deixa mais feliz do que estava. Extase total. E falo. Quero namorar com você e pronto. Não ligo pra nada, eu só quero ter a certeza que vou ter ele comigo. Toda a certeza.

7:30 da manhã o celular disperta. E vou encontrar o outro, a privada de novo. O que restou da alma sai por ali, pela boca e eu prometendo nunca mais beber. Tudo parece ruim, meu humor muda e acho tudo cinza, tudo uma merda. Minha amiga bate a porta e fala: agora você tem um namorado.

E percebo que nada, nem vômitos vão me deixar triste.

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